A Árvore da Vida


De André Malta

Alguém já conseguiu definir com clareza algo abstrato? Como se desenha o amor? Como compor algo tão subjetivo de forma singular, concreta? Será isto impossível? Talvez sim. Subjetividade não impõe limites. Ela é livre e dá a liberdade de quem quiser defini-la. E nessa liberdade Terrence Malick transcende a lógica, explora a criatividade e consegue filmar o âmago da alma humana em The Tree of Life (A Árvore da Vida).

Não existem palavras para se definir um filme tão belo. Esqueça TODOS os outros filmes que você já assistiu. Nada se compara a beleza de The Tree of Life. Um filme que explora a alma, a mente, o espírito e o sentimento humano de uma forma inovadora. São cenas e mais cenas de pura filosofia que nos exige apenas reflexão. Não existe filme. Não existe história. É uma droga lícita e não nociva aos nossos olhos. Nos faz viajar e contemplar a complexidade do sentimento humano.

Antes que filosofe mais e acabe expulsando o leitor mais leigo desta resenha, preciso  dar-lhes algumas informações adicionais para que assim como eu, contemple um pouco mais deste grande filme. The Tree of Life é dirigido e escrito por Terrence Malick, candidato ao Oscar de melhor filme, melhor diretor e fotografia sendo dono de um surrealismo impactante.  Sua sinopse é complexa, como o filme, mas basta dizer o mínimo possível porque cabe a quem assiste desfrutar desta obra prima e retirar dela um proveitoso entendimento. Mas vamos a ela.



The Tree of Life submerge o espectador ao início de tudo o que existe. Contempla o ciclo da vida através de uma família americana da década de 50. A dor desta família por ter perdido um ente querido, neste caso um filho amado por todos. Desta afirmação você viaja, transcende, se deixa levar pelo abstrato. Flui com os sentimentos junto do personagem numa quase inevitável empatia que te seduz. 

Voltamos ao  passado na gênese terrestre, como a Terra se forma. Passamos pelo período jurássico e pulamos a década de 50 para presenciarmos o nascimento de um bebê e ali ficarmos, acompanhando sua trajetória. Viajamos e confabulamos. Sentimentos e pensamentos. O filme é a gravação do que existe dentro de nós e não pode ser explicado. É a história de um sentimento amargurado e de como uma família lida com ele seja através de lembranças ou de prospecções futuras, da imaginação.

Antes de analisar os pontos técnicos do filme eu vou logo avisando: se está a procura de um roteiro mais tradicional ou de uma história cheia de reviravoltas, com um final surpreendente, aventuras, comédia, romances, ação... PARE!. Não assista The Tree of Life. Nem perca seu tempo. Este filme merece ser degustado com estômago vazio. Nada de expectativas. É um filme para introspecção que com certeza figurará entre aqueles 100 filmes a se assistir antes de morrer (sendo muito modesto).

Mas vamos lá, The Tree of Life apresenta uma fotografia inacreditável. Conselho: tentem assistir o filme em qualidade HD, Blu-ray. Com uma fotografia fantástica e uma exímia edição, Terrence Malick tem genialidade suficiente para nos brindar com uma ótima direção. As ótimas atuações ficam por conta de Brad Pitt na interpretação do Sr. O'Brien, Jessica Chastain é a compreensiva e permissiva Sra. O'Brien. Os intérpretes dos filhos são Hunter McCracker (Jack), Laramie Eppler (R.L.) e Tye Sheridan (Steve) .Sean Pean interpreta o filho Jack quando adulto e a história meio que segue nas lembranças dele. Todos atuam muito bem.

A cenografia e figurino convencem. Mas e o roteiro? Seria esse o ponto negativo do filme? Com certeza não. Tudo bem que aqui não se encontrará recursos já batidos em vários filmes. A história não é linear. Mas eis que escapamos de um clichê. O Esqueleto para base de um roteiro é mudado e vislumbramos algo bem mais estilizado. Temos uma história? Sim temos! Mas o foco não é esse. E jamais me caberia decidir qual é. É algo intuitivo, pessoal e sentimental como se entender o sentido da vida.  E isso vai de cada um. Surpreenda-se por si mesmo e jamais esquecerá The Tree of Life.

Nota do André: 9.5


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